
Anna Bella Geiger
"Obras em arquipélagos"
Curadoria - Adolfo Montejo Navas
Visitação
15 de março a 9 de abril, de 9 às 21 horas
Caixa Cultural
Galeria principal
SBS Quadra 4, lote 3/4 -Brasília/DF
A exposição pretende oferecer, em primeiro lugar, uma releitura da obra de Anna Bella Geiger à luz de vários conceitos fulcrais, que não só alimentam vertentes expressivas, como estabelecem novas relações entre as obras (as geografia do corpo e as cartografais não deixam de ser cosmológicas). O espaço da caixa cultural em Brasília responde a este critério vinculante, e de alguma forma vai funcionar como os "chamados": TERRITÓRIOS, PASSAGENS, SITUAÇÕES, são também a descanonização das estéticas estatísticas.De fato, o maior atributo da artista é a transformação fundacional: tudo é, em última estância, passagem, tantos territórios estabelecidos e desmistificados como as situações-passagens que respondem a circunstancias.Tudo isto convida a uma contextualização nova e aberta que inclua sotaques internacionais (como os regatados encontros pessoais da artista com Joseph Beuys).

Em segundo lugar, a exposição apresenta obras inéditas, algumas muito pouco conhecidas, além de uma seleção de novos trabalhos (de 2001 até 2005) em vários campos.Distancia da tradicional retrospectiva, este panorama não recorre ao sentido temporal como aliado, ao contrario, pois se há um sentido cronológico, ele está invertido, quando não simplesmente fragmentado.Neste sentido, o grande significado e extensão das séries – sempre mais operativa que fixadoras, "local da ação", "Píer & Ocean" ou "Fronteiriços" – tem seu pleno valor como recurso inter textual da artista, como conexões onipresentes e desenvolvidas na exposição através da organização de seu espaço.


É importante frisar que a posição da artista sempre foi semi periférica dentro da própria arte Brasileira, sem associações com grupos, e mais vinculada à vanguarda nacional e internacional, pela razão da livre experimentação. São precisamente os anos 90 os que permitem reler melhor não só a sua consistente poética independente, como também seu magistério artístico. O significado atingido pela gravura (novas experiências e desdobramento), pela variedade de suportes utilizados, aplicados em conjunção, assim como o número de reflexões congregadas sobre diversas questões como o vazio, a fragmentação, a alteridade, e a própria periferia – em suma, a aliança de questões da modernidade e da pós-modernidade – fazem sempre da obra, e dessa exposição, uma aventura histórica, crucial dentro da arte contemporânea, que começa nos anos 60 e chega até hoje, carregada de inquietude não apenas estética.
Adolfo Montejo Navas
Curador
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